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Chega a São Paulo o mais famoso clube de jazz do mundo

O clube de jazz mais famoso do mundo chega a São Paulo, trazendo um programa clássico nova-iorquino para a metrópole: um Blue Note bem brasileiro, mas com a alma essencial preservada pelo empresário Luiz Calainho.

Por: Mariana Santos

Luiz Calainho é uma espécie de visionário do entretenimento e da arte. Foi CEO da Sony Music – que dispensa apresentações – e é o criador da L21 Participações, holding que agrega 10 negócios, como rádios, teatros, uma produtora de musicais, uma gravadora e um portal de conteúdo sobre cultura pop. A mais recente empreitada do “acelerado” empresário – em suas próprias palavras – foi trazer o clube de jazz mais emblemático do mundo para o Brasil. “A matriz da Sony é em Nova York. Nas minhas idas e vindas à cidade, na década de 1990, eu frequentava o Blue Note quase de forma obcecada. E sempre entendi que havia espaço para, eventualmente, trazê-lo para o Brasil”, disse Calainho a Go’Where Luxo durante os eventos de inauguração da nova casa, em São Paulo.

Sua ideia tomaria forma, inicialmente no Rio de Janeiro, sua terra natal (ou quase, já que, por um acaso, nasceu na Suíça): o primeiro Blue Note abriu as portas em 2017, à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos símbolos da vida cultural carioca. Quando decidiu trazer a casa para a capital paulista, a primeira certeza que teve foi a de que precisava de um sócio com a alma da metrópole. O nome não poderia ser outro: Facundo Guerra, um dos empreendedores mais influentes do mundo, segundo a norte–americana Good Magazine, e nome por trás de locais como Bar do Cofre Sub Astor, no Farol Santander, e Bar dos Arcos, no subsolo do Teatro Municipal. Conversaram e, quando o carioca sugeriu um shopping center para instalar a casa de shows, o paulistano redarguiu de primeira: “Tenho ideia melhor. O Conjunto Nacional.” Calainho foi à loucura: “Achei brilhante.” Assim, o templo do jazz, que já está presente em cidades como Tóquio, Milão e Pequim, ganhava um emblemático endereço com 346 lugares (146 mais que a casa-mãe) espalhados por 800 metros quadrados, em plena Avenida Paulista. Confira os principais trechos da entrevista com o empresário:

GW: Quais são as expectativas com a abertura do Blue Note em São Paulo, depois de um ano difícil no Rio de Janeiro?
LC: As expectativas são absolutamente alvissareiras. A casa do Rio ainda passa por um processo de terminar de equilibrar o negócio. A cidade está vivendo momentos de grave crise econômica, segurança, intervenção militar… Mas, com todos esses desafios, o Blue Note Rio já é um spot da excelência e da boa música.

GW: E por que a escolha específica pelo Conjunto Nacional como endereço para a nova casa?
LC: Para começar, porque é um dos prédios mais emblemáticos de São Paulo. O Conjunto Nacional tem uma relevância simbólica para a cidade, com a Livraria Cultura, o relógio no topo. Depois, por ficar na Avenida Paulista, que tem esse nome em celebração aos paulistanos. Terceiro, porque a Paulista tem se revelado um grande corredor cultural. É um lugar com um nível de acesso espetacular, próximo à avenida Rebouças, aos Jardins e à Vila Madalena, com fácil acesso de ônibus, a pé e de metrô. O prédio oferece uma ótima infraestrutura, com estacionamento. Assim, temos a marca Blue Note, que é de longe o clube de jazz mais importante do planeta, dentro de um dos prédios mais emblemáticos da maior metrópole do hemisfério Sul. Isso tudo reunido em um binômio único: de um lado, a atmosfera intimista – as regras da franquia dizem que as casas devem ter, no máximo, 400 lugares; do outro, claro, o jazz como alma, mas o foco na música de excelência. Ao longo dos anos 1990, vi Stevie Wonder, Sting, Shakira, como vi também Liza Minelli e outros grandes nomes do jazz, no Blue Note de Nova York.

GW: O que as pessoas que conhecem o Blue Note de Nova York vão encontrar de diferente no Blue Note de São Paulo?
LC: A casa de Nova York é mítica. É menor, tem 200 lugares. É onde a marca surgiu e se fez, por isso, tem todo o lado espiritual dos artistas que por lá passaram. Aqui, nós in-vestimos 3,2 milhões de reais para oferecer um nível de conforto muito bom. Mas o mais legal é a mescla do jazz com a música brasileira. O Blue Note brasileiro tem liberdade criativa no sentido de programar, como nenhum outro do mundo. Não há um país com a diversidade musical do Brasil, do xaxado ao forró, do jazz à bossa nova. E essa fusão se encontra aqui, sempre com muita excelência. É um ponto alto da casa. As pessoas vão encontrar certas vibrações artísticas que, provavelmente, não se encontre mais por aí. Aqui o artista se sente à vontade para experimentar, diferentemente de quando está diante de um público gigante. Pode-se esperar produtos artísticos inovadores, como, por exemplo, a banda Blue Note SP.

GW: A banda é uma exclusividade de São Paulo?
LC: É algo exclusivíssimo. Nem em Nova York tem. São músicos com uma cabeça contemporânea. E há o conceito de dois sets, que nunca houve no Brasil. Nunca uma casa de shows ofereceu duas apresentações na mesma noite. Isso é uma máxima em Nova York, e os donos da marca Blue Note não abrem mão. Quando eles me disseram isso, logo imaginei que não daria certo. E, para a minha surpresa, no Rio funciona brilhantemente e aqui também já está funcionando. Com o imenso benefício de oferecermos uma opção de programa para quem está a fim de sair, mas quer chegar cedo em casa: essas pessoas podem vir para o primeiro set.

GW: Aos domingos, com a Paulista fechada, vai ter programação especial?
LC: Teremos o brunch aos domingos, das 11h às 16h, com dois sets da banda Blue Note SP. Em outros dois mo-mentos nesse espectro de horário, a banda deve sair para fazer dois sets (de uma hora e quinze cada um), de graça, para a Paulista fechada. Detalhe: também teremos um minipalco para artistas de rua que tenham a ver com o Blue Note. E, de segunda a sexta, o público poderá almoçar ao som de jazz unplugged.

GW: A ideia é levar o Blue Note para outras cidades do Brasil?
LC: Sim. Temos os direitos do Blue Note para o Brasil, o que significa que temos prioridade para abrir outras unidades. Primeiro, vamos consolidar em São Paulo, mas a ideia é expandir para cidades como Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Brasília. Também temos prioridade para abrir franquias da casa na América Latina. Pretendemos, futuramente, ir para Buenos Aires, Santiago e Cartagena. Queremos, inclusive, levar o Blue Note para Havana.

GW: Fale um pouco sobre a proposta de os cardápios resgatarem a atmosfera dos anos 70.
LC: Sob o comando da chef Daniela França Pinto, o cardápio terá pratos como cascata de camarão, estrogonofe e coxa creme, celebrando aquele período. E o Derivan, com os drinks, também faz esse resgate. O Blue Note é um lugar com uma estrutura bárbara, uma vista fantástica da varanda, excelência artística no palco e essa onda da gastronomia e dos drinks que completam essa atmosfera e fazem dele um lugar muito especial.


Blue Note SP
Avenida Paulista, 2073, 2º andar Consolação – São Paulo – SP Tel.: (11) 3179 0050

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