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Linking Dotz produz sapatos com responsabilidade social

Por Mariana Santos


 

Aos 18 anos, o argentino Rodrigo Doxandabarat deixou sua terra natal em busca de si mesmo. Partiu para estudar na Espanha e foi parar na Ásia. Em Calcutá, na Índia, teve seu primeiro contato com a cooperação, trabalhando como voluntário no Kalighat Home, uma espécie de casa de acolhimento fundada por Madre Tereza. Dividido entre o pragmatismo do pai advogado e a espiritualidade da mãe, que quis ser freira na juventude, Rodrigo passeou pelos dois universos até encontrar seu ponto de equilíbrio. Tornou-se modelo “por uma casualidade da vida” e foi morar em Milão. Mas, em 2003, sua inquietude e idealismo o fizeram abandonar a carreira e viajar para o lugar onde ninguém queria estar naquele momento: o Iraque, em pleno cenário de guerra. “Fui escudo humano em um movimento de pacifistas que tentam evitar conflitos armados. Era bastante jovem e esse foi o canal que encontrei para tentar fazer alguma coisa”, explica Doxandabarat, que também trabalhou em organizações não governamentais italianas e francesas, realizando projetos de assistência social. “Criamos uma área recreativa em um orfanato em Bagdá, financiada por uma marca de moda alemã. Esse foi o primeiro link que fiz entre moda e cooperação.”

Sapatos que conectam
Depois de experimentar o mundo das grifes também como diretor em empresas como Giorgio Armani e Dolce & Gabbana, Rodrigo descobriu uma conexão possível entre o pragmatismo e a espiritualidade – ou entre moda e responsabilidade social: o sapato. Foi assim que, em 2016, deixou para trás uma promissora carreira no mercado de luxo e começou a estruturar a Linking Dotz, um ecossistema de negócios alternativos que tem como pilares a cooperação, a colaboração, a sustentabilidade e a gestão econômica. “Fui estudar para ser sapateiro”, conta ele.

Como a Linking Dotz atua
Os sapatos da Linking Dotz são produzidos com algodão fabricado na Paraíba por pequenos agricultores, em colaboração com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Desde 2018, os produtos são comercializados em caixas feitas a partir de lixo doméstico reciclado. “Essas caixas foram desenvolvidas em colaboração com uma empresa que coordena grupos de catadores de resíduos do Rio Grande do Sul e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul”, explica Rodrigo, que também reaproveita resíduos de upcycling da própria Linking Dotz e de outras empresas.

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