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Pan Flix: conheça a nova plataforma de conteúdos da Jovem Pan

A rádio que virou TV na Internet: a Jovem Pan deixa de ser apenas uma rádio e lança a Plan Flix, uma plataforma multimídia de conteúdos variados no YouTube.

Por Leonado Milen   Fotos Claudio Gatti

A rádio Jovem Pan acaba de completar 76 anos mais jovem do que nunca. É líder inconteste no dial dos paulistanos e se prepara para uma nova era, baseada no universo digital. O grupo investiu R$ 30 milhões para lançar este mês a Pan Flix, uma plataforma de conteúdo no YouTube que irá integrar a programação da rádio em vídeo – que já tem cerca de 15 milhões de inscritos – com novos programas em um mix de áudio, vídeo, animação e o que mais o formato permitir. Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, presidente do Grupo Jovem Pan, está à frente dessa guinada nos destinos da rádio. Ele nos conta em entrevista exclusiva como pretende revolucionar o mercado promovendo esse modelo híbrido de rádio e TV.


GW: O que é na verdade a Pan Flix?

AA: É uma plataforma digital que vai agregar todo o conteúdo da Jovem Pan com algumas coisas a mais. Vão ter programas que não vão estar na Joven Pan, mas vão estarna Pan Flix. É um aplicativo “cauda longa”, que cabe qualquer tipo de conteúdo. Nosso core business é news, esporte, mas ela permite qualquer tipo de assunto… Vai ter os programas já consagrados da rádio, como o Pânico e o Morning Show, e programas novos, como o Rolê de Notícias, que vai ser bem engraçado, feito pelo Felipe Xavier e o Maurício Meirelles. A Pan Flix pode ser baixada nas stores da Apple e Android e também virá embarcado em TVs da Samsung. Num segundo momento, vamos disponibilizar para todas as smart TVs.


GW: Vai ser totalmente gratuito?

AA: Sim. É claro que alguns conteúdos vão ser disponibilizados com assinatura, como um canal de games, mas no início será tudo gratuito. É um modelo “freemium”. Começa free e depois terão alguns canais pagos.

GW: A Pan Flix abre também a possibilidade de produtoras independentes produzirem programas para o canal?

AA: Sim. Estamos procurando parceiros, sites, influencers e produtos de YouTube que tenham mais de um milhão de views. Assim teremos a oportunidade de vender para eles mídia, mídia programática e até mesmo abrir para eles terem um programa dentro da Jovem Pan.


GW: Vocês criaram uma infraestrutura para suportar a Pan Flix?

AA: Nós montamos uma televisão! Tem tudo: quatro estúdios, produtora de vídeo, editor, camarins, maquiador… É uma televisão menor, mas que vai trabalhar 24h por dia gerando conteúdo. Hoje a Jovem Pan já sobe 200 vídeos por dia para o YouTube. Até o final do ano serão 250, com novos conteúdos. Por exemplo: vamos colocar no ar uma versão do Roda Viva, o Perguntar não Ofende; uma mesa redonda de futebol aos domingos; um talk show com alguma pessoa nova… Vamos fazer alguns programas e podemos comprar alguns modelos da Endemol, tipo The Voice ou Masterchef, numa área diferente da atuação da Jovem Pan.


GW: E como fica a rádio nesse contexto?

AA: A rádio nunca esteve tão forte. A nossa audiência, pela primeira vez em 50 anos, bateu todos os recordes. O Jornal da Manhã é o mais ouvido do Brasil. A rádio é uma potência de audiência de 70% da classe AB. É influenciadora. E vários de nossos apresentadores são influencers, que é outra moeda que as pessoas gostam, como o Felipe, o Augusto, o Emílio, a Vera Magalhães… O que é interessante é que a Pan Flix será uma plataforma 360º: vídeo, áudio, podcast, redes sociais e internet. Hoje o cliente não quer comprar mais apenas 30 segundos. Ele quer algo que envolva várias coisas. A gente faz os projetos 360º para o mercado. São mais caros, mas são uma garantia de que vão dar certo. Até porque na internet só paga se der certo. E hoje a gente tem 42 milhões de unique visitors no YouTube e 600 milhões de views, no trimestre, além de 1 bilhão e 700 mil impressões no mês. São números que nos deram coragem para montar a Pan Flix.


GW: Como o mercado publicitário está reagindo a esses novos tempos digitais que a Pan Flix deseja chegar como protagonista?

AA: O mercado publicitário está, como todos os veículos, sofrendo uma transformação. A TV está caindo de tobogã. Jornais e revistas estão tentando se reinventar. O rádio foi o que menos sofreu porque tem uma convergência forte com a internet e uma audiência fortíssima nos carros. Hoje você pode ver e ouvir o que você quer, na hora que quiser. Essa é a grande mudança no nosso negócio. Não acredito mais em música e, sim, em conteúdo. Acho que a Jovem Pan não será rádio, nem TV, nem nada. Ela passou a ser um publicador de conteúdo. Fazer conteúdo e distribuir em diversas plataformas.

 

GW: Qual é a sua expectativa para esse começo da Pan Flix?

AA: Nós começamos agora em outubro. O recall ainda é pequeno, mas estou confiante. Estamos passando por uma reestruturação interna, uma transformação digital. Montamos outro departamento comercial, mais focado no digital, e vamos ver como as coisas vão funcionar. O nome Rádio Jovem Pan é muito forte. Isto é um “problema” para o anunciante entender que podemos levar para ele alternativas 360º no digital. Mas, por outro lado, programas como Morning Show, Pingo nos Is, Pânico, Jornal da Manhã… vão poder ser vistos e ouvidos a qualquer hora do dia. O cara chega em casa à noite e pode ligar o rádio, a TV, o Ipad, o computador e curtir o programa que ele quiser. Vai tomar banho, pode parar o programa no meio e assistir o resto depois. O rei é o conteúdo e a rainha é a distribuição.


GW: O consumidor já está entrando nessa nova era?

AA: Sim. Jovens não assistem mais televisão. Na minha casa, por exemplo, eu não tenho mais TV aberta. Eu assino canais de filmes e de games por conta das meninas. É uma mudança de hábito. Alguns veículos se deram mal, outros menos, como o rádio. Pode ser que tudo mude no futuro, mas hoje é assim.


GW: O que você está programando
para oferecer para o público premium?

AA: Estou sempre tentando melhorar o jornalismo. Nós da Jovem Pan queremos que o Brasil dê certo. Que as medidas e reformas sejam feitas e surtam efeito. Muitas vezes somos taxados “de direita”, mas temos programas, como o da Vera Magalhães, que criticam o governo todos os dias. Mas temos o “Pingo nos Is” que é a favor do governo. Isso dá uma pluralidade. O Pânico, por exemplo, promove debates entre esquerda e direita, toca em vários assuntos. É o melhor programa de debates com uma audiência muito forte. São 35 milhões de views por mês. Para você ter uma ideia, temos um case que eu gosto de contar porque tem anunciante que acha que só o digital hoje é que vale. Eu propus para uma rede de academia para fazer uma experiência grátis: um merchadising de apenas uma inserção no Pânico com uma promoção de desconto de 50% nas matrículas. Eles venderam mais de 18 mil matrículas! Recebi um WhatsApp deles assim: “O rádio é duca!” Outro case foi de uma restaurante especializado em fondue. Eles anunciaram uma vez no Pânico e venderam fondue por um ano! O Emílio é espetacular! O Pânico é um sucesso há vinte anos e está sempre se renovando com sucesso excepcional.


GW: E como fica a música na nova Pan Flix?

AA: Música é tudo na vida. Vamos criar um programa de música. O problema é que música é commodity. É difícil criar algo diferente. Tem um monte de programas de música, mas o que diz o que vai dar certo ainda é o rádio. O rádio sabe o que vai estourar. Ainda acho que o futuro é o conteúdo. Quem fizer conteúdo bom vai se dar bem.

GW: Pelo visto, a Pan Flix vai ser uma mistura do que já é certo
com o novo. Um formato inovador. É bom sair na frente?

AA: É fundamental sair na frente, sempre. Aliás, esse é meu maior objetivo: como é que vou estar na frente da concorrência. Para isso é preciso fazer investimentos. No caso da Pan Flix, investimos R$ 30 milhões. Gastamos tudo, não sobrou nada. Fomos empreendedores e vai dar certo. Minha expectativa é dobrar o faturamento no ano que vem. Quero que a Pan Flix seja um caminho, um grande 360 com rádio e TV fenomenais…


GW: A concorrência certamente já sabe o que vem aí… Como você vai lidar com ela?

AA: Quando você dá certo, não tem jeito de não ter concorrência. A gente tem segurado profissionais aqui porque eles acreditam que nosso projeto é bom e vai dar certo. Acredito que as grandes TVs vão mudar seu modelo totalmente. Na hora que eles virem que pequenos grupos como o nosso podem fazer coisas muito parecidas com o que eles fazem… A gente está se aprimorando e oferece uma coisa que eles não podem que é opinião. Por força de contratos e amarrações comerciais, eles não podem falar abertamente. Mas tem mercado para todo mundo, para o segundo, terceiro… Vamos trabalhar e tentar ganhar audiência. Cada coisa que você acerta aparece um monte de clones na concorrência. Essa é a minha vida. Fui o primeiro a colocar câmera em um estúdio de rádio. Agora todos usam. Fui a primeira rádio a montar uma TV na Internet. Provavelmente, muitas outras farão o mesmo. Não tem jeito.


GW: Você vai criar algum programa com uma proposta
inovadora?

AA: Não tem nenhum segredinho. Lançamos, como citei anteriormente, o Rolê de Notícias, um programa parecido com o Daily News, bem engraçado, feito pelo Felipe Xavier e o Maurício Meirelles. Mas acho interessante o mercado de e-games. A gente comprou uma empresa que se chama BBL, que está em primeiro lugar no segmento dos games. Eles têm o direito de vários games, como o Fortnite, que é o jogo do momento. Esse vai ser um canal importante para a molecada e um diferencial da programação.


GW: Algum plano para um futuro próximo?

AA: Eu pretendo fazer a cobertura do próximo Carnaval. Quero colocar um repórter no Rio, outro em Salvador, outro em São Paulo. Vamos fazer a primeira cobertura on-line do Carnaval no Brasil. E estamos nos reunindo com nossas 86 emissoras do país para que elas se transformem em produtoras de conteúdo regional para a Pan Flix. E tem mais por aí… Vamos para briga!

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