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Made in Italy

Interessadas no promissor mercado brasileiro, não é raro encontrarmos empresas italianas atuando por aqui, principalmente em São Paulo. Para saber como esse intercâmbio comercial funciona, conversamos com Erica Di Giovancarlo, diretora-geral da Italian Trade Agency.

Por: Malu Bonetto

Todo empresário quer expandir seus negócios e exportar seus produtos para outros países. Com os italianos não é diferente. Eles têm visto o Brasil como um mercado promissor – tanto que a Itália ocupa a sétima posição entre os principais fornecedores do Brasil, ficando atrás apenas da China, EUA, Alemanha, Argentina, Coreia do Sul e Japão. Para ajudar os empresários italianos a se estabelecerem no Brasil, existe o ITA– Italian Trade Agency. Há noventa anos, essa agência do governo Italiano tem como missão promover o inter-câmbio comercial e tecnológico entre a Itália e os demais países, sobretudo no que tange às empresas de pequeno e médio porte, seus consórcios de exportação e suas associações. Essa internacionalização é realizada através de eventos, feiras, seminários, palestras, treinamentos, tudo para ajudar e aumentar as importações italianas. Os 77 escritórios espalhados pelo mundo, instalados no interior de embaixadas e consulados dos principais centros econômicos, garantem apoio abrangente às empresas italianas que desejam atuar no exterior, fornecendo-lhes informações de caráter econômico, legal, fiscal e mercadológico, identificando parceiros e oportunidades de negócios, prestando serviços de consultoria personalizados e realizando um acurado plano de ações promocionais.

Toda ajuda é bem-vinda

A agência atua em contato com os governos das diversas regiões italianas, câmaras de comércio, indústria, artesanato e agricultura, organizações empresariais e outras entidades públicas e privadas, italianas e estrangeiras, de acordo com uma linha de pensamento e estratégia, em matéria de promoção e internacionalização das empresas. No Brasil, a agência atende anualmente a mais de 2.500 solicitações provenientes de empresas italianas interessadas em se estabelecer no país por meio de atividades comerciais e industriais, em todos os segmentos econômicos. E quem comanda o escritório aqui é Erica Di Giovancarlo, primeira mulher a ser diretora do ITA. “Tenho a responsabilidade que toda mulher tem, tudo é mais difícil. Uma chefe mulher, independentemente do setor, sempre precisa trabalhar mais para ser reconhecida, essa mentalidade prevalece no mundo inteiro. Aqui no Brasil, mesmo essa adaptação sendo mais fácil ainda, é um desafio, mas desde novembro já consegui dar meu toque feminino, pelo menos aqui no escritório”, conta a diretora, que tem 24 anos de ITA. “Sempre senti uma atração pelo Brasil: gosto da atmosfera, do caráter dos brasileiros. Como todo país, existem problemas, pobreza, mas o povo é muito pacífico e acolhedor. Sinto falta da Itália, é claro, do mar, que aqui está longe da capital, da comida… Lá as cidades são pequenas, é mais fácil de se locomover, tem o centro histórico. Já aqui em São Paulo, tudo é grandioso.”

Uma via de mão dupla

Segundo o levantamento realizado pela Secex – Brazilian Foreign Trade Secretariat, aproximadamente 57% das aquisições realizadas pelo Brasil na Itália é composta de produtos com alto conteúdo tecnológico como máquinas, aparelhos e dispositivos mecânicos, equipamentos elétricos, veículos, tratores e similares. O setor de máquinas e equipamentos responde sozinho pelo equivalente a 35,9% das importações brasileiras vindas da Itália. Já nas importações italianas provenientes do Brasil, 57,1% são compostas por pasta de madeira e outros materiais fibrosos (21,7%), café, chá e outras especiarias (17,5%), peles e couro (10,9%) e produtos minerais (7,0%). “Com a ajuda do ITA, trazemos mais empresas para o Brasil porque facilitamos a sua entrada, ajudando na parte burocrática e na adaptação do produto. Tudo para incentivar a vinda dos empresários”, conta Erica.

A vinda de empresas italianas sofreu uma queda por causa da atual situação econômica do Brasil. No primeiro trimestre de 2016, o saldo da balança comercial entre os dois países foi favorável para a Itália com um valor de US$ 107,6 milhões. Esse resultado, no entanto, é 73,1% inferior ao registrado no primeiro trimestre de 2015, demonstrando que, na crise pela qual o Brasil tem passado, há um impacto mais negativo sobre as importações no Brasil da Itália e não vice-versa. Enquanto as exportações brasileiras para a Itália cairam 10%, as importações brasileiras da Itália diminuíram 30% no primeiro trimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015. Mas, mesmo com esses números, Erica diz que ainda vale muito a pena vir para o Brasil. “É um país forte, com muitos recursos, com muitas possibilidades, a população tem força e pode ser uma das grandes potências do mundo. E isso ainda desperta o interesse de muitas empresas, mas, se elas não tiverem uma estrutura sólida no país de origem, sugerimos começar aqui aos poucos, fazendo pesquisas de mercado para depois vir se estabelecer.”

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