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Guilherme Paulus e um fenômeno chamado CVC

Fundador e hoje presidente do Conselho de Administração da CVC, maior operadora de turismo da América Latina e uma das cinco maiores do mundo, Guilherme Paulus vendeu o controle da empresa a um grupo americano há oito anos, mas, há dois anos, com a abertura do capital na Bolsa, se tornou seu principal acionista. O Grupo CVC vive hoje uma fase de grande expansão, com a aquisição de empresas congêneres, como a Submarino (viagens on-line), RexturAdvance (segmento B2B, com viagens corporativas), Experimento (viagens de intercâmbio no exterior) e Trend (viagens de lazer distribuídas para agentes de viagens independentes). E Guilherme ainda comanda a GJP Hotels & Resorts com hotéis de luxo em dez estados brasileiros. A CVC não para – opera hoje mais de mil destinos, em 2016 embarcou quase quatro milhões de passageiros e movimentou R$ 5,5 bilhões em reservas confirmadas. Vamos viajar com ele?

Por: Celso Arnaldo Araujo

Três anos de uma crise interminável. Como ficou turismo e particularmente a CVC nesse período?
O ano de 2016 foi difícil para o setor inteiro. Mas para nós, com o poderio e o crescimento da CVC, hoje uma empresa de capital aberto que adquiriu, ao longo dos últimos anos, outras empresas do segmento, não houve grande impacto. Nosso capital foi aberto com a ação a 16 reais. Hoje, está quase 40 (Pede licença para consultar a cotação do dia pelo celular). Hoje, 39,35. oExiste uma crise? Sim, e quem mais sentiu foi a rede hoteleira, em algumas cidades – como o Rio, que ganhou uma oferta gigantesca de leitos por causa da Copa e das Olimpíadas. Mas acredito que o Rio, a principal cidade turística brasileira, vai se recuperar fortemente nos próximos anos. A violência não vai perdurar. E o potencial é enorme. Temos um hotel no Aeroporto Santos Dumont – e do rooftop dele foram feitas várias imagens para a novela A Força do Querer, da Globo. Pois bem: de lá se veem os dois maiores ícones do turismo no Rio: o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. O Rio vai retomar. A próxima década será o resultado dessa atual cruzada contra a corrupção –e vai se refletir no setor de viagens.

GW: Você já sente essa retomada também nas viagens ao exterior?
GP: Sim. As pessoas já se acostumaram a um dólar entre R$ 3,10 e 3,30 e voltaram a viajar para o exterior. Nós tínhamos 800 passageiros em Punta Cana no feriado de 7 de setembro.

GW: Voltando ao ponto inicial: por que a CVC é sempre um ponto fora da curva nos períodos de crise?
GP: Porque somos especialistas em férias. Vendemos férias. Esse é o nosso negócio. Temos 1200 lojas franqueadas e planos de abrir 100 lojas por ano, para vender viagens completas. E quem sai de férias não quer ter dor de ca-beça. Nós nos preocupamos com o bem-estar de nossos viajantes. Não queremos que sua esposa tenha que fazer a cama e o café de manhã. O sistema de assistência integral ao turista é nossa marca.

GW: Quantas pessoas trabalham na montagem dos pacotes?
GP: Na nossa “fábrica”, em Santo André, cerca de mil  colaboradores, conectados com o mundo inteiro. Temos especialistas para cada área – que conhecem profunda-mente os produtos. Hoje o mundo está todo ligado. Há alguns anos quem pensaria em fazer uma viagem para o Vietnã? Ou para a Índia? Nepal?

GW: No Brasil, qual é a grande onda do momento?
GP: Jericoacoara, no Ceará, que tem até aeroporto – com voos fretados exclusivos da CVC.

GW: O destino nacional com mais passageiros?
GP: Ainda Porto Seguro, seguido por Natal, Fortaleza, Porto de Galinhas, Beto Carrero.

GW: Como é que vocês conseguem oferecer um pacote de uma semana em Porto Seguro, com passagem aérea, hotel, traslado e passeio, por pouco mais de 700 reais, remunerando todos os elos da cadeia e ainda com lucro?
GP: O segredo é comprar bem. Compramos de 40 a 60% da capacidade do hotel durante um ano, o que garante uma renda para o proprietário. E fazemos bloqueios de assentos nas companhias aéreas o ano todo.

GW: Algum destino mais promissor?
GP: Estamos indo mais para o norte. Jericoacara, já chegando ao litoral do Piauí, passando pelos Lençóis Maranhenses. E estamos estudando outras regiões. Depende muito da infraestrutura. Estamos em permanente contato com os órgãos oficiais do turismo brasileiro, que vivem uma crise sem precedentes, mas são essenciais ao processo. O turismo brasileiro vai melhorar muito.

GW: Pretende entrar no nicho do turismo de luxo?
GP: A CVC já está nesse mercado – hoje dominado por operadoras como a Teresa Perez Tours, a Queensberry, a Agaxtur e outras. Temos algumas lojas que atendem a esse tipo de serviço/cliente – com circuitos enogastronômicos, por exemplo. O hotel Saint Andrews, da GJP, em Gramado, é um seis estrelas.

GW: Em 2018, o que vem por aí?
GP: Temos uma crise política e desemprego alto. Mas num país de 200 milhões de habitantes, pelo menos 50 milhões formam um mercado ativo, tiram férias e consomem viagens. Continuaremos crescendo. E viajando.

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