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Funes & Lodi: a nova rotina da justiça brasileira

Nos dias de hoje, a custosa reflexão proposta por Voltaire exige, antes de tudo, uma boa conexão de internet. Se o desenvolvimento tecnológico caminhava paulatinamente nos últimos anos, os efeitos do isolamento social gerados pela Covid-19 aceleraram muito o processo nos mais variados setores da sociedade. Não por acaso, a quarentena também teve grande impacto sobre o sistema judiciário. Em questão de meses, as mudanças de vida geraram progressos tecnológicos previstos para acontecer em, no mínimo, 10 anos. Com isso, os órgãos de justiça foram obrigados a acelerar questões fundamentais como a proteção de dados e a usar a tecnologia para cumprir suas programações.

Metamorfose na justiça
Poucos episódios na história causaram tamanha transformação. Se falarmos de Justiça do Trabalho, ocorreram mudanças pontuais ao longo do tempo, de acordo com o advogado Christiam Mohr Funes, sócio do escritório Funes & Lodi. “A antiga existência de um colegiado em Primeira Instância, quando as decisões eram proferidas por três juízes, sendo um deles oriundo de concurso público e outros dois representantes da classe trabalhadora e empresarial – indicados pelos sindicatos de classe –, levou à extinção dos conhecidos juízes classistas e manteve juízo único a proferir decisões em Primeira Instância”, relembra o Dr. Christiam Funes. Outras alterações ainda se deram pela competência absoluta da Justiça do Trabalho para debater sobre indenização por danos morais. “Vale destacar uma importante mudança na estrutura física, com a inauguração do Fórum Rui Barbosa (2004) no bairro da Barra Funda, além da criação de outros dois fóruns descentralizados, a fim de atender às regiões Leste e Sul da capital paulista. Tais acontecimentos trouxeram mais segurança e conforto a todos”. No último ano diversas adaptações foram impostas aos profissionais do Direito. Embora a atividade da advocacia esteja incluída na condição essencial de atendimento, foi necessária a proteção não só da equipe de trabalho, mas também dos próprios clientes. Assim, muitos escritórios agilizaram o uso de ferramentas digitais, único meio viável diante da atual realidade. Para o sócio Dr. Alessandro Lodi, independentemente da especialidade, é fundamental a contínua atualização do sistema. “Quer na esfera trabalhista, cível ou previdenciária, onde cada qual dentro do escritório tem funções bem definidas, mais do que nunca é essencial a modernização”, destaca.

“Vale destacar uma importante mudança na estrutura física, com a inauguração do Fórum Rui Barbosa (2004) no bairro da Barra Funda, além da criação de outros dois fóruns descentralizados, a fim de atender às regiões Leste e Sul da capital paulista. Tais acontecimentos trouxeram mais segurança e conforto a todos”.

Novo mundo
Parte desta transição já vinha acontecendo, e a adoção do home office e das reuniões virtuais já havia, inclusive, sido cogitada pelo Poder Judiciário. Assim como os processos digitais já eram realidade antes da pandemia, tendo a Justiça do Trabalho despendido de muito esforço para digitalização de todos os documentos de papel. “Antes, já apostando na tecnologia como ferramenta de trabalho, havíamos investido fortemente em sistema de atendimento por videoconferência, dedicando sala de reunião inteligente e salas individuais capacitadas com toda estrutura”.
O maior desafio dos profissionais da área consistiu em demonstrar ao cliente que o atendimento online é tão efetivo quanto o presencial. Com o passar do tempo, nota-se a eficácia do serviço e eles se adaptam ao formato. “Para a nova demanda do processo eletrônico, adquirimos mais digitalizadoras e equipamentos eletrônicos. O contato online trouxe mais flexibilidade de horário e agenda a todos, facilitando reuniões com dedicação exclusiva. Sem contar que economizou o tempo de deslocamento antes desperdiçado, sobretudo em uma cidade como São Paulo”, observa o Dr. Alessandro Lodi.
No entanto, com a quarentena iniciou-se uma nova fase e tudo indica que este formato será mantido mesmo pós-pandemia. “Com audiências telepresenciais e a utilização de ferramentas onde as partes são ouvidas em seus respectivos endereços, protegemos não só a segurança e saúde dos funcionários, mas também de todos os jurisdicionados – estes necessitam da apreciação de seus pedidos no Poder Judiciário. Não há dúvida de que o avanço tecnológico do escritório aproximou ainda mais o cliente e deu celeridade ao andamento do processo”, destaca o Dr. Christiam Funes.
As facilidades e benefícios para os clientes foram extremamente bem-sucedidos, visto que agora o atendimento aos executivos e empresários viabiliza o conhecido “tempo é dinheiro”. Menos tempo gasto pelo cliente e maior lucratividade, por meio das plataformas online. “Tratamos com um cliente residente em Nova York e conseguimos realizar a sua audiência sem que ele precisasse se deslocar até o Brasil, o que em outros tempos seria impossível”, exemplifica o Dr. Alessandro Lodi.

“Tratamos com um cliente residente em Nova York e conseguimos realizar a sua audiência sem que ele precisasse se deslocar até o Brasil, o que em outros tempos seria impossível”, exemplifica o Dr. Alessandro Lodi.

É verdade que a consequente crise econômica também pesa sobre os profissionais da área. Houve um aumento no volume de processos gerados, tais como rescisões de contratos de trabalho, concordatas e renegociação de dívidas, entre outros. Infelizmente o balanço não é positivo, uma vez que a pandemia representa uma perda gigantesca de arrecadação. Serão necessários anos para que o comércio e a indústria resgatem esse prejuízo.
Para compensar essas dificuldades, surgem os novos recursos de atendimento. “Acreditamos em um modelo de gestão do tempo de nosso cliente, aliado com a eficiência em pontos cruciais aos quais muitos não dedicam importância. Ao observarmos prejuízos futuros, mudamos completamente nosso pensamento em relação a uma forma mais preventiva de atuar”, salienta o Dr. Christiam Funes.
Anualmente, ainda permanece um número elevado de processos – 328 mil novos processos na Justiça do Trabalho, em 2020. Grande parte deles seria evitado se as empresas acreditassem que o preventivo não é um custo e, sim, um investimento. Com isso, os próximos passos do escritório consistem no investimento e na conscientização dos clientes, focados em adotar uma atitude preventiva antes da medida judicial. Para o Dr. Alessandro Lodi, ter uma estrutura jurídica e tecnológica amplia os horizontes da advocacia, o que favorece a ampliação de atendimento aos clientes em full service. Daqui por diante, a prática da advocacia será marcada pela dinâmica virtual. “A tecnologia utilizada com seriedade é algo irreversível”, finaliza o Dr. Christiam Funes.

Fotos Daniel Cancini

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