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CNN Brasil: Confira a chegada em terras brasileiras do maior canal de notícias do mundo

O maior nome do jornalismo mundial traz ao Brasil o projeto que vai além de uma emissora de TV

Por: Adalberto Leister Filho


Havia oito anos que o Big Mac já fazia sucesso na Austrália e no Japão quando o público brasileiro conheceu a composição de dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles. A expansão internacional do Mc Donald’s, restaurante norte-americano criado nos anos 1940, só encontrou o Brasil no verão carioca de 1979. Muito se especulava sobre como seria a receptividade a um hábito alimentar de outro país. A solução foi simples: usar a fórmula de excelência para fazer um produto por brasileiros para brasileiros. Um ano mais tarde, o empresário de mídia Ted Turner inaugurava em Atlanta o primeiro canal de notícias do mundo: “Cable News Network” (ou Rede de Notícias a Cabo, em tradução livre). A CNN chegava para mudar o conceito de jornalismo no mundo. Cresceu, criou ramificações por dezenas de países e começou a namorar o Brasil. Tal qual a marca conterrânea, teve paciência para desembarcar aqui. E quem está por trás da chegada da CNN Brasil garante: é a hora certa, pelo caminho certo. E o modelo para dar certo? Usar a fórmula de excelência para fazer um produto por brasileiros para brasileiros.

Para um setor em retração e corroído por demissões periódicas, a chegada e a estratégia da empresa surgem como a melhor notícia do jornalismo brasileiro nos últimos anos. Go Where Business teve acesso exclusivo aos bastidores da nova companhia e conheceu a fundo o projeto da versão brasileira do principal canal de notícias do mundo, que promete disputar um nicho amplamente dominado pela GloboNews. Os brasileiros da CNN trabalham hoje em uma sede temporária no bairro dos Jardins, em São Paulo, mas se preparam para mudar de endereço nos próximos meses. O local foi escolhido a dedo: um prédio icônico da Avenida Paulista, a mais importante da maior cidade da América Latina. “Pensamos em oferecer uma experiência diferente para o público: nossa sede no centro pulsante da maior cidade do país, próxima das pessoas”, comenta Douglas Tavolaro, Founder e CEO da CNN Brasil, torcendo para que a fachada do prédio seja um novo ponto turístico da principal avenida de São Paulo.”

Fachada da CNN Brasil na Avenida Paulista, em São Paulo

Apresentadores de peso

As obras nos mezaninos do antigo prédio do Banco Real seguem em ritmo acelerado. Operários trabalham na adaptação de dois andares do espaço, em frente à estação Trianon-Masp do metrô, no coração financeiro de São Paulo. Quando estiver em funcionamento, haverá 4.000 m² de área, com 800 m² para três estúdios de onde serão ancorados os telejornais da emissora. O projeto prevê a construção de um dos mais modernos newsrooms do país, aqueles “estúdios-redação” utilizados nos jornais da TV, como no Jornal Nacional.

William Waack e Evaristo Costa, nomes de peso do telejornalismo brasileiro, já foram contratados. Foram anunciados também Mari Palma, Phelipe Siani e Luciana Barreto, novos talentos oriundos do Grupo Globo. Segundo Tavolaro, outros nomes conhecidos do grande público serão anunciados em breve. Esse elenco de apresentadores se juntará a uma equipe de 400 jornalistas (700 funcionários, ao todo) em uma seleção de vagas muito disputada. Poucos dias após anunciar um e-mail para candidatos a trabalhar na futura emissora, a CNN Brasil recebeu mais de 35 mil currículos. “Serão 24 horas de jornalismo, sendo 16 horas com programação ao vivo”, conta o CEO.

Além da sede, a CNN Brasil contará com redações em Brasília e no Rio de Janeiro, além de correspondentes em Londres e em Nova York, prometendo uma cobertura especial nas principais cidades do mundo com sinais de transmissão exclusivos da CNN Internacional. O inverso também ocorrerá, nos planos da equipe brasileira: repórteres da CNN Brasil entrarão, ao vivo ou em reportagens especiais em inglês, quando o tema for de interesse no exterior, para a rede CNN presente em mais de 200 países. Uma vitrine jamais vista antes no jornalismo nacional.

O VP Comercial, Marcus Vinicius Chisco, ex-executivo da Globosat e de emissoras abertas: “Grandes marcas do mercado serão protagonistas no nosso projeto”.

Audacioso, o projeto tem como meta não somente disputar mercado com a GloboNews, mas também transformar a filial brasileira na principal CNN fora dos Estados Unidos. E os primeiros movimentos levaram os norte-americanos a acreditarem na meta. Um time da alta cúpula da CNN Internacional esteve em São Paulo no final de julho e se encantou com o nível de profissionalismo encontrado. Foi a última de seguidas viagens já realizadas no processo de consultoria técnica para colocar a CNN Brasil de pé.

O rápido planejamento e a execução de uma operação que começou em fevereiro impressionou quem está acostumado com implantações semelhantes em países mais desenvolvidos. “É uma troca de experiências importante. Um grupo de executivos supergabaritados de Atlanta, Nova York e Londres tem contribuído com a montagem do canal”, afirma Américo Martins, vice-presidente de Conteúdo da CNN Brasil, contratado após 16 anos na BBC de Londres, outro dos canais de notícias mais importantes do mundo.

O casal de apresentadores Mari Palma e Phelipe Siani
Apresentadora Luciana Barreto

A força dos jovens talentos

Casal que ficou conhecido na TV Globo por suas reportagens em estilo informal, Mari Palma e Phelipe Siani são nomes que a CNN Brasil contratou para atrair o público jovem e conquistar todas as plataformas de exibição do canal.

Repórter do Jornal Nacional, Siani trabalhou por 13 anos na Globo. Com texto leve e divertido, destacou-se por abordar temas complexos, como economia, de maneira fácil de entender. “Ser um dos âncoras do maior canal de notícias do mundo é algo que me desperta um frio na barriga, fundamental para os desafios que o jornalismo tem daqui pra frente”, afirmou Siani. Mari Palma ficou conhecida por apresentar o boletim G1 em 1 Minuto. Fenômeno nas redes sociais, conta com mais de 1,3 milhão de seguidores no Instagram. Seu estilo informal a levou a participar de outros programas da emissora, como o Fantástico e o Mais Você. Permaneceu por 11 anos na Globo. “Se um dia me dissessem que eu seria apresentadora da CNN, eu jamais acreditaria. Não tenho nem roupa pra isso! Brincadeiras de lado, não vejo a hora de botar a mão na massa e fazer parte desse projeto de que eu já sinto tanto orgulho”, comentou Mari.

Outro talento já anunciado é Luciana Barreto, que trabalhava como repórter do Canal Futura, pertencente ao Grupo Globo. “É um desafio muito grande chegar à maior emissora do mundo. Fico olhando para trás e vejo que fomos longe e ainda temos muito o que crescer juntos. Digo fomos porque sempre tenho esse sentimento de coletividade. Tenho o desejo de agregar muito com olhar mais atento às pautas sociais, sempre dentro de um jornalismo que respeita a diversidade do brasileiro”, afirmou a jornalista. (Da redação)

Segredos da operação

Os números técnicos também impressionam. Serão 130 estações de produção de jornalismo, 25 estações de pós-produção de conteúdo e mais de 800 telas espalhadas para área de produção e operação do canal. Equipamentos de ponta, como câmeras, switchers e softwares de vídeo, que permitem a integração multimídia e a rapidez na informação, já estão em fabricação especialmente para o canal nos Estados Unidos e na Ásia.

A presença em diversas plataformas, além da TV por assinatura, prevê a fabricação customizada do que há de mais moderno em aplicativos de vídeos e de reportagens, podcasts, newsletters e site de notícias, seguindo exatamente o mesmo modelo da CNN. Todo o visual repetirá rigorosamente as cores, as legendas e o layout consagrado do canal norte-americano. Uma equipe dedicada com dezenas de profissionais já desenha a grade de programação digital e a estrutura da área de inteligência digital. “Ao contrário de outras emissoras, que tiveram que se adaptar ao crescimento da internet, a equipe da CNN Brasil vai nascer uma produtora de conteúdo multiplataforma”, explica Virgilio Abranches, vice-presidente de programação e multiplataforma.

Novo modelo de TV

E aí está guardado um dos segredos de operação da CNN Brasil. O modelo de televisão implantado é inédito no país. O canal tem a vantagem de nascer do zero, utilizando o que há de mais avançado em tecnologia em seu sistema de operações de TV, otimizando e poupando gastos em departamentos não ligados à sua atividade principal, que é o jornalismo. Com isso, conseguiu reduzir custos em serviços de engenharia, desenvolvimento e gestão digital, transmissão e exibição de sinal e em outras atividades como captação de imagens, produção de conteúdo, chamadas e vinhetas e até a programação, áreas intocáveis entre as emissoras de TV até alguns anos atrás. As emissoras internacionais, como a própria CNN, já trabalham assim há vários anos.

O modelo de otimização se espalha por outros setores da empresa. Seu quadro de funcionários está sendo montado aproveitando ao máximo os benefícios da lei de terceirização e da reforma trabalhista. O formato de produzir jornalismo das TVs abertas, com equipes e equipamentos próprios, a custos elevadíssimos, faz parte do passado. Era como se uma grande indústria farmacêutica investisse mais em caminhões e motoristas do que em sua equipe de cientistas para produzir novos medicamentos.

Para construção e gestão de seu parque técnico, por exemplo, a CNN Brasil firmou uma parceria inovadora com a produtora Casablanca, uma das maiores do país, que tem entre seus clientes grupos como Fox, Sony, HBO e Bloomberg. Para fazer a cobertura de jornalismo em todo o território nacional, terá repórteres nas principais capitais em parcerias com grupos regionais para a produção de conteúdo, sem o custo milionário do modelo antigo de afiliação de emissoras da TV aberta. E isso se reproduz nas áreas administrativas, patrimonial e de negócios. “O futuro é hoje para a CNN Brasil. Estamos motivados em implantar um modelo econômico e racional de telejornalismo em todos os setores da empresa. A passagem de quase 20 anos pela TV aberta nos deu uma certa vivência. Uma escada erguida degrau por degrau”, afirma Tavolaro, que em sua sala, na sede provisória da CNN, deixou a palavra “terceirização” escrita em destaque na lousa.

Evaristo Costa “A chegada da CNN é importante para o país”

Há dois anos longe das telinhas, Evaristo Costa, 42 anos, era um dos passes mais disputados entre as TVs. Por 22 anos trabalhou na Globo, sendo 13 deles à frente da bancada do Jornal Hoje. Em 2017, decidiu seguir para um período sabático na Inglaterra. Queridinho do público, desde então vinha sendo assediado por diversas emissoras para seu retorno à TV. Decidiu confirmar a volta na CNN Brasil, onde irá comandar programa diretamente de Londres.

GW: Você irá comandar um programa semanal que vai mesclar jornalismo e entretenimento. Seguir longe da bancada tradicional e sem gravata era seu maior desejo?

Evaristo Costa: Eu não tinha intenção de aceitar nenhuma proposta para voltar à TV, especialmente para trabalhar diariamente, com hard news, terno e gravata. A CNN Brasil me propôs ancorar um programa muito importante, inovador e único na TV brasileira. Foi algo que se encaixou perfeitamente aos meus planos e sonhos.

GW: Quanto isso pesou na decisão de fechar com a CNN Brasil?

EC: O que mais pesou na minha decisão foi a possibilidade de trabalhar na marca mais importante do jornalismo mundial, que chega agora ao Brasil. Fazer parte da equipe que vai criar a CNN Brasil é a maior oportunidade e o maior desafi o da minha carreira.

GW: Como vem sendo sua capacitação para encarar o desafio na nova emissora?

EC: Tenho me preparado muito, acompanhando diretamente tudo o que acontece dentro da empresa, mesmo a distância, daqui da Inglaterra. Continuo também acompanhando o noticiário brasileiro e o mundial, como sempre fiz. Já fiz visitas à redação da CNN em Londres e tenho conversado muito sobre os padrões editoriais da empresa, que são os melhores do mundo. Estou fazendo uma verdadeira imersão nos padrões editoriais da CNN e estou impressionado.

GW: Muitas emissoras do país estavam de olho em seu passe, incluindo até um possível retorno à Globo. Por que acabou fechando com a CNN?

EC: Porque a CNN é o maior e mais importante canal de notícias do mundo! Acho que a chegada da CNN Brasil é muito importante para o país e para o jornalismo brasileiro. Fazer parte desse time é o desafio que eu buscava. É um grande orgulho fazer parte da CNN Brasil. Vamos ajudar a mudar o jornalismo brasileiro. Tenho muita honra de estar no seleto grupo de apresentadores do canal e de trabalhar com um time de jornalistas sérios e experientes como os que estão montando a empresa. (A.L.)

Tentativas fracassadas

Não foi fácil a chegada da CNN ao Brasil. Outros investidores brasileiros já haviam buscado se associar ao principal grupo jornalístico do planeta durante as últimas duas décadas. Go Where Business apurou que grandes empresários, banqueiros, corporações de diferentes ramos de atividade e grupos de comunicação tentaram obter o direito de licenciar a marca da CNN desde os anos 1990, mas nunca um projeto conseguiu ser aprovado pelo rigoroso critério do compliance norte-americano. Memorandos de entendimento chegaram a ser assinados, mas todos sem sucesso. As propostas sempre esbarravam na ausência de um projeto editorial fundamentado e exequível e de um plano de negócios sustentável, na visão da matriz. “O nome CNN é forte e ajuda muito a montar uma equipe de qualidade. No caso de veículo de comunicação, a marca é um fator introdutório”, afirma o publicitário Washington Olivetto.

Uma das primeiras a buscar a marca foi a Record TV, ainda em 2005, quando Douglas Tavolaro já era diretor de jornalismo do grupo – e mais recentemente houve uma nova sondagem informal. Mas a emissora do bispo Edir Macedo foi rejeitada logo de início por dois motivos: as ligações com uma religião e com o PRB (Partido Republicano Brasileiro). A proximidade de igrejas e partidos políticos fere as normas da CNN.

Nos anos 90, o SBT e, mais recentemente, a Rede TV, também tiveram suas propostas rechaçadas pela falta de investimento em jornalismo ou meramente por fragilidade financeira. Para realizar o sonho de criar a CNN Brasil, Tavolaro abriu mão da carreira de 17 anos como diretor e vice-presidente de jornalismo da Record. O executivo aceitou a proposta da CNN International Commercial no início de 2018, deixando o departamento de jornalismo com as maiores audiências e os principais resultados financeiros da empresa. “O jornalismo sempre foi o diferencial da Record. Eles conseguiram criar um formato que deu muito certo”, chegou a reconhecer publicamente o empresário Silvio Santos, em um dos programas Troféu Imprensa, apresentado anualmente pelo dono do SBT.

Pensar em outro modelo de negócio foi fundamental para executar o projeto da CNN, segundo Tavolaro. O executivo juntou uma equipe de confiança para montar durante meses um projeto de televisão detalhado, nos mesmos parâmetros da linha editorial da CNN, para que pudesse ser apresentado nos Estados Unidos. Com o modelo aprovado, era preciso viabilizar o plano de negócios com um sócio-investidor brasileiro. A legislação regulatória exige que um canal de jornalismo somente pode existir no país com o controle de acionistas brasileiros. Para viabilizar a iniciativa, apresentou a proposta ao empresário mineiro Rubens Menin (ver box), que de imediato a entendeu como uma oportunidade rara e estratégica de investimento. Menin, presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia, maior construtora de imóveis residenciais da América Latina, e do Banco Inter, um dos bancos digitais que mais cresce no país, deu o último passo para o empreendimento seguir adiante. Tavolaro viajou então para Atlanta, nos Estados Unidos, para apresentar o nome de Menin na sede da CNN. Com o projeto e o plano de negócios desenvolvido, meses depois de intensas reuniões entre escritórios de advocacia de São Paulo e Nova York, os sócios Tavolaro e Menin fecharam o acordo com a CNN. Segundo informações do mercado, o licenciamento da marca para a empresa brasileira terá duração de 30 anos.

Ranking das audiências

Exemplos de empreendedorismo na família para planejar a CNN no Brasil Tavolaro teve de sobra. Filho e neto de italianos, o executivo aponta como primeira influência o avô Michelle, que participou da Segunda Guerra Mundial. Natural de Tramutola, pequena cidade no sul da Itália, foi cozinheiro do Exército italiano e prisioneiro de Hitler na Polônia. Migrou para o Brasil fugindo da pobreza do período pós-guerra na Europa. “Ele começou vendendo vassouras nas ruas de São Paulo. Foi feirante com uma barraca de laticínios e depois se estabeleceu como dono de pequenos imóveis no Tatuapé”, lembra o executivo, revelando que o avô hoje está com 96 anos.

O segundo modelo veio dos pais, que montaram um pequeno comércio de ferro e aço vizinho à fábrica onde trabalhavam, também no bairro da zona leste de São Paulo. “Esse negócio, que começou no quintal da casa onde morei na infância, e existe até hoje com menos de dez funcionários, bancou a criação dos filhos até a faculdade”, contou. Tavolaro sempre estudou em escolas públicas e cursou jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, a poucas quadras da futura sede da CNN Brasil. Começou a carreira no jornal Diário Popular (fechado em 2018 já com o nome de Diário de S.Paulo) e passou pela revista IstoÉ, antes de ingressar na Record TV como produtor de reportagens investigativas.

Exerceu diversos cargos de chefia, até chegar à direção e, posteriormente, à vice-presidência de Jornalismo. Nesse período, apostou na reformulação do Jornal da Record, que se tornou o segundo telejornal mais assistido do país. Em sua gestão, também foi criado o Núcleo de Reportagens Especiais, que produziu mais de mil matérias exibidas no Brasil e no exterior. Montou uma ampla grade de jornalismo regional, com noticiários das manhãs, revistas eletrônicas e documentários semanais e conquistou os principais prêmios da categoria.

Quando Tavolaro assumiu a área, a Record disputava as últimas posições no ranking entres as principais redes do país. Certas faixas horárias chegavam a pontuar traço no Ibope. Ao lado de sua equipe, boa parte dela hoje na CNN Brasil, criou mais de 11 horas diárias de noticiários que, em certas faixas, incomodaram a audiência da Globo por anos seguidos até sua saída. “Valorizo muito toda essa trajetória profissional percorrida, mas agora é uma nova história”, afirma.

Globo reage

Principal força do telejornalismo brasileiro atua nos bastidores para tentar manter protagonismo e evitar a debandada de profissionais. _Da redação

 

A saída de Phelipe Siani e Mari Palma, dois jovens e promissores talentos criados no Grupo Globo, pegou de surpresa os executivos da emissora carioca. E acendeu o sinal de amarelo no departamento de jornalismo. Em meio ao processo de celetização de apresentadores e repórteres especiais, a Globo tem oferecido aumento polpudo àqueles que são tidos como alvos potenciais da concorrente.

Fontes ouvidas pela Go Where Business afirmaram que, em paralelo, diretores da alta cúpula passaram a espalhar a versão de que a CNN Brasil não tem um projeto de TV concreto. “Você sabe que, se for para lá, é ir para a Record, né?”. Três nomes importantes ouviram exatamente a mesma frase de diretores distintos da alta cúpula. A estratégia virou motivo de ironia na nova emissora. “É compreensível. Querem que digam o quê? Que os apresentadores já contratados são fracos? Que o projeto é feito por amadores? Que a localização da sede é ruim? Que a marca é frágil?”, brinca um dos executivos da CNN Brasil.

A concorrência da marca norte-americana também não foi bem digerida na Record. Incomodados com uma possível perda de protagonismo na disputa com a Globo, membros da alta cúpula da emissora fazem ataques frontais, nos bastidores, especialmente nos corredores de Brasília. O objetivo é colocar em xeque o projeto da CNN.

William Waack
William Bonner

Gigantes da comunicação

Maiores empresas globais de mídia fazem parte do grupo do canal de notícias norte-americano.

O conglomerado de mídia do qual faz parte a CNN é um dos maiores do mundo. O grupo se tornou ainda maior no ano passado, quando foi completada nos Estados Unidos a compra da Time Warner (agora chamada de Warner Media) pela AT&T, em negócio de US$ 85 bilhões.

A AT&T é a maior empresa de telecomunicações do mundo, além de ser a maior operadora de TV a cabo e provedora de serviços de telefonia móvel e fixa nos Estados Unidos. Segundo a revista Fortune, a empresa está em 9º lugar no ranking das 500 maiores corporações dos Estados Unidos em receitas totais. Em 2018, obteve faturamento de US$ 170,756 bilhões. No mesmo ano, seu ativo total chegou a US$ 531 bilhões.

Já a Warner Media conta, entre suas empresas, com os estúdios de cinema Warner, as redes HBO e Turner e a rede de notícias CNN. Com a fusão, negócio iniciado em 2016 e completado no ano passado, o conglomerado se tornou a maior empresa de mídia e entretenimento do mundo em termos de receita.

O negócio foi considerado estratégico para que a empresa pudesse competir com companhias de internet como Netflix e Google.

A fusão é a quarta maior já realizada entre grupos globais de telecomunicação, mídia e entretenimento, segundo a Thomson Reuters. É também o 12º maior grupo em qualquer setor, de acordo com a mesma fonte.

O empresário Menin: operações de sucesso

O sócio-investidor

A trajetória vitoriosa do empresário Rubens Menin, presidente do Conselho de Administração da maior construtora de imóveis residenciais da América Latina e do banco digital que mais cresce no país

A chegada da marca CNN ao Brasil teve a participação decisiva do empresário Rubens Menin, de 63 anos, presidente do conselho de administração da MRV Engenharia, empresa mineira que é a maior construtora de imóveis para residência na América Latina. “Nosso objetivo é contribuir com a democratização da informação no Brasil. Um país com uma sociedade livre e desenvolvida só é construído com uma imprensa plural”, afirmou o empresário, que será o presidente do conselho de administração da CNN Brasil.

Presente em quase todo o Brasil, sua construtora oferece imóveis em mais de 160 cidades do país. Neste ano, a MRV vive um período de grande prosperidade. De acordo com relatório operacional do segundo trimestre do ano, a incorporadora teve aumento de lançamentos e vendas. No total, a empresa realizou lançamentos de R$ 1,8 bilhão entre abril e junho de 2019. Isso representa uma alta de 5,8% em comparação ao mesmo período de 2018. É o maior patamar do segundo trimestre na história da companhia, fundada há 40 anos, em Belo Horizonte (MG). Em comparação ao primeiro trimestre do ano, esse aumento foi ainda mais expressivo, de 65,3%. No acumulado no primeiro semestre, os lançamentos atingiram a quantia de R$ 2,901 bilhões, o que representa um aumento de 15,4% em relação ao mesmo período em 2018. As vendas líquidas chegaram a R$ 1,3 bilhão, o que representa um aumento de 2,7% em relação ao mesmo período de 2018. No semestre, esse montante chega a R$ 2,628 bilhões. É um acréscimo de 4,3% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Segundo a companhia, como houve muitos lançamentos no fim do trimestre, esses números devem apresentar novo incremento de receita nos próximos meses.

O grupo também é dono do Banco Inter, com operação totalmente digital que começou em 2015. Por não contar com agências físicas, a instituição tem como diferencial oferecer uma gama grande de serviços gratuitos, como conta corrente sem taxas, cartão de crédito sem anuidade, além de investimentos e home broker. Em 2018, sua carteira contava com 1,45 milhão de clientes. O grupo é um dos maiores patrocinadores privados do esporte brasileiro. A MRV está presente nas camisas do Flamengo, do São Paulo, do Atlético-MG e do Fortaleza. A incorporadora também é parceira do clube mineiro na construção de seu estádio, a Arena MRV. Já o São Paulo tem como patrocinador master o Banco Inter, cujo contrato vai até 2020. (A.L.)

Sede da empresa MRV, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Na foto à direita, o projeto da Arena MRV

William Waack

“Vamos respeitar a inteligência do público”

Um dos mais completos jornalistas do Brasil, William Waack tem currículo invejável. Aos 66 anos, trabalhou por duas décadas na TV Globo, de onde saiu em 2017, quando apresentava o Jornal da Globo. Antes passou por alguns dos principais veículos do país, como Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo, Veja e TV Cultura.

Especializou-se em assuntos internacionais, tendo sido correspondente na Alemanha, na Rússia, no Reino Unido e no Oriente Médio. Cobriu acontecimentos históricos como a queda do Muro de Berlim e a Guerra Fria. Contratado pela CNN Brasil, está prestes a comemorar meio século de jornalismo.

GW: O que o levou a aceitar a proposta da CNN Brasil para apresentar o principal telejornal da emissora?

William Waack: É a maior empresa de jornalismo do mundo disposta a disputar a ponta na relevância das informações e na qualidade de análise no mercado brasileiro. Eu não poderia ficar de fora de uma empreitada dessa magnitude, que considero um relevante passo adiante na minha carreira de 50 anos de jornalismo agora em janeiro de 2020.

GW: Como vê o atual momento do telejornalismo no Brasil?

WW: O telejornalismo brasileiro é vibrante e tem longa tradição. Mas a grande experiência internacional da CNN, com conhecimento de vários países e mercados, deve provocar uma salutar concorrência pela atenção do público, principalmente.

GW: Quais as contribuições que os princípios editoriais da CNN podem trazer para o telejornalismo do Brasil?

WW: A CNN se encaixa na bem estabelecida escola anglo-saxã de jornalismo, que se esforça em separar o noticiário daquilo que é manifestação de opinião, procura o equilíbrio e o respeito no trato das questões de interesse público.

GW: Quais os principais desafios para a cobertura de TV em um contexto de tanta polarização política?

WW: Manter o foco no que é relevante, evitar ser arrastada em disputas de “tribos” políticas, tratar as fontes e as opiniões com respeito.

GW: Como a CNN Brasil irá contribuir para o debate público no país?

WW: Tendo o público como seu grande foco e sua maior dedicação e chamando a atenção para a necessidade urgente que o país tem de enfrentar seus grandes desafios de diminuir desequilíbrios, gerar renda e prosperidade.

GW: Qual o papel do telejornalismo que será seguido na CNN Brasil para inibir a expansão das chamadas fake news?

WW: Fake news só ganham relevância quando as pessoas se sentem órfãs de referências em relação às quais elas podem averiguar a veracidade dos fatos à sua volta. A CNN pretende ser essa referência.

GW: O que o público poderá esperar do jornalismo da CNN Brasil?

WW: Em primeiro lugar, respeito à inteligência do próprio público. (A.L.)

Atrações com abrangência

Vice-presidência comercial assegura que anunciantes e agências publicitárias fazem parte da construção do projeto da CNN. (Da redação)

A chegada da CNN ao Brasil movimentou não só o mercado de jornalismo, mas também o mercado publicitário. A força da marca criou alvoroço entre anunciantes. Para articular a estratégia comercial, os sócios da emissora licenciada buscaram Marcus Vinícius Chisco para o cargo de vice-presidente comercial. Um dos mais respeitados executivos desse ramo no país, Chisco tem passagens por GloboSat, MTV e estava na RecordTV havia 20 anos, onde ocupava o cargo de Diretor de Vendas e Desenvolvimento de Negócios.

Chisco diz que o projeto da CNN Brasil tem tido boa receptividade no mercado. Ele aposta na ativação de seus parceiros comerciais não só na TV a cabo, como também no digital e em redes sociais. “O mercado publicitário estava ávido por novidades, e a chegada da CNN Brasil é o fato mais importante dos últimos tempos na indústria da comunicação. A receptividade do nosso projeto não poderia ser melhor. Grandes players estarão conosco em cotas fundadoras, sendo protagonistas e cocriadores, colaborando para o desenvolvimento do nosso projeto”, afirmou. Pesquisas de fôlego produzidas pelo Instituto Kantar Ibope Media têm sido a bússola para a montagem da grade de programação e das atrações da CNN Brasil. Além do jornalismo diário, a emissora terá documentários, séries originais e plataformas temáticas de conteúdo, como CNN Business, CNN Luxo, CNN Turismo e CNN Esportes. Também haverá programas que mesclam jornalismo e entretenimento, como o que será apresentado aos domingos por Evaristo Costa, direto dos estúdios da CNN Londres. Chisco lembra que os anunciantes ganharão atributos da CNN ao associar suas empresas ao projeto da nova emissora.

“Toda marca procura hoje em dia relevância e engajamento. Além de termos isso, a gente ainda entrega a credibilidade e reputação. São quatro atributos espetaculares para completar diferenciais competitivos únicos”, conta. “O mercado terá a oportunidade de ter a maior marca do jornalismo à disposição no Brasil. E será uma empresa feita por e para brasileiros”, completa. Para montar o projeto comercial da CNN Brasil, Chisco viajou ao exterior para períodos de imersão. “Para formatar o projeto, fizemos imersões em Nova York, Atlanta e Londres. A empresa será data driven e, acima de tudo, focada nas necessidades de comunicação dos nossos clientes”, afirma ele. (A.L.)

A opinião de quem entende do assunto

“O nome CNN é forte e ajuda muito a montar uma equipe de qualidade. No caso de veículo de comunicação, a marca é um fator introdutório. O sucesso vai depender do jornalismo que eles fizerem. A versão brasileira tem que ter características da produção original, mas totalmente tropicalizada”.

Washington Olivetto, publicitário

“Eu sempre tive paixão especial na televisão pelo jornalismo. A CNN é uma empresa extremamente bem administrada. Acho que no Brasil você precisa estimular a questão do jornalismo […] é preciso uma pluralidade. Então é bem-vinda a presença da CNN”.

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, Boni, em entrevista a Mariana Godoy.

“Acho sensacional a vinda da CNN ao Brasil. Não podia ter acontecido em melhor momento. Há muito tempo que acompanho a CNN”.

Jô Soares, apresentador de TV

“Estamos, neste momento, reduzidos a praticamente uma visão da realidade transmitida de forma idêntica por um pequeno número de meios de comunicação. A CNN pode contribuir para a necessária diversidade informativa”.

Laurindo Lalo Leal, sociólogo, jornalista e professor da USP

“A chegada da CNN Brasil é uma excelente notícia não apenas por representar a importância do mercado brasileiro de mídia e entretenimento no mundo, mas também por ampliar a democratização da informação e a diversidade de perspectivas no âmbito local. Chega já moderna, omnichannel de verdade, acelerando a transformação da indústria local rumo a um modelo mais moderno e aderente a um perfil de consumidor que já se transformou. Mais do que em tempo”.

Carlos Giusti, sócio da Pricewaterhouse Cooper (PwC) Brasil, especializado em consumo de mídia.

Time do mercado de mídia

A CNN Brasil montou uma diretoria com ampla experiência no mercado de comunicação. Já são mais de 70 profissionais trabalhando diariamente no projeto na sede temporária da empresa, em São Paulo. Entre eles, Ellen Nogueira e Maura Martines, ambas ex-profissionais da Globo com mais de uma década de casa. Ellen, que era responsável pelas pautas do Jornal Nacional, será Diretora de Jornalismo. Já Maura, que trabalhou na área de finanças da RBS, afiliada da Globo no Sul do país, será Diretora de Inteligência de Mercado.

Outro reforço vindo da Globosat é a publicitária Emi Takahashi, head de Planejamento de Mídia. Givanildo Menezes (Diretor de Jornalismo), Fabiano Falsi (Diretor de Jornalismo) e Marco Aurélio Cordeiro (Diretor Jurídico) vieram do Grupo Record. Completam, ainda, o time de direção os jornalistas Henri Karam (Jornalismo), Flavia Bonfá (Relações Públicas e Projetos Especiais), Marcio Pinheiro (Digital) e o publicitário Douglas Fagotti (Programação).

Karam estava à frente da BandNews desde 2017, período em que promoveu a reestruturação do canal. Flavia trabalhava na FSB, maior agência de comunicação do país, com passagens por CGCom (Central Globo de Comunicação), pela Edelman e pela Ketchum. Fagotti atua há quase 20 anos na TV, com passagens pelo SBT, pela Record e pela Band. Já Pinheiro trabalhou por mais de oito anos no Grupo TV, agência em que desenvolveu estratégias multiplataforma para diversas empresas. Passou também pelo Grupo Abril, pela Folha de S.Paulo, pelo UOL e pela iG. (A.L.)

Estaremos em cada aparelho em que se busque notícia, diz executivo

Anthony Doyle, VP de Distribuição

Um dos mais renomados executivos no mercado de TV paga do Brasil, Anthony Doyle foi anunciado como vice-presidente de Distribuição da CNN Brasil. Doyle foi responsável pela distribuição de 16 canais do país em parceria com operadoras de TV por assinatura, serviços de OTT e streaming. Por 24 anos, trabalhou na Turner, onde foi vice-presidente regional de Distribuição e diretor executivo de Conteúdo.

GW: Como marcas globais como a CNN ajudam a impulsionar a TV por assinatura?

Anthony Doyle: Marcas reconhecidas mundialmente trazem brand awareness e credibilidade para nosso negócio, mas é a relevância do conteúdo que traz e mantém a audiência em alta. O mix desse conteúdo relevante, com ineditismo e exclusividade, produzido por uma equipe de qualidade, é o compromisso da CNN Brasil com o público.

GW: Quais os focos da CNN Brasil em termos de distribuição? Será um jornalismo mais elitista ou voltado para a classe C?

AD: Nascemos numa época de consumo de notícias multiplataforma. Portanto, precisamos estar em cada aparelho onde o assinante busque notícias. Vamos focar em produzir conteúdo com linguagem acessível a todas as classes. Temos o desafio de ajudar as operadoras a atrair assinantes e sensibilizar as novas gerações de consumidores.

GW: Onde o mercado estará nos próximos 5 anos?

Espero que assistindo à CNN Brasil em algum lugar. CNN Brasil agora é fato. (Da redação)

Projeto editorial

Mas, afinal, a nova CNN será um canal ligado a alguma ideologia política? Em um Brasil extremamente polarizado, dividido em posições extremas, essa é uma das perguntas mais comuns feitas para quem toca o dia o dia do novo canal. “Não seremos nem de direita, nem de esquerda. Faremos jornalismo”, assegura Tavolaro. Um dos grandes desafios – e, quem sabe, uma grande oportunidade – da CNN Brasil é nascer em um momento de abalo sobre a credibilidade da imprensa brasileira, que foi intensificado pela proliferação das fake news nas redes sociais e pela cisão política do país. A emissora promete seguir os preceitos do bom jornalismo: contar os fatos e dar voz à pluralidade de pontos de vista. “Temos a responsabilidade de ser a marca de notícias mais importante do mundo. E notícia não tem ideologia. Opinião, sim, tem lado. Teremos um jornalismo plural, como o público tem buscado”, defende Leandro Cipoloni, vice-presidente de Jornalismo.

Ted Turner, fundador da CNN e sócio do grupo Time Warner, e Leandro Cipoloni, VP de Jornalismo da CNN Brasil, nos Estados Unidos

A CNN Brasil, garantem seus executivos, não tem a pretensão de divulgar notícias em primeira mão sem que tenha sido feita uma ampla checagem de sua veracidade. Assim, o “furo” dá lugar a um jornalismo preocupado em evitar a propagação de notícias falsas. “Queremos chegar primeiro à notícia, mas não temos a necessidade de veiculá-la primeiro. Em tempos de fake news, abrimos mão de sermos os primeiros, se a informação não estiver confirmada. Nosso objetivo é um só: estarmos certos”, afirma Américo Martins.

Em março, Martins e Cipoloni, ao lado de outros profissio-nais brasileiros, foram a Atlanta, Nova York e Miami para a imersão no projeto da CNN. Na cidade-sede, tiveram reuniões com Jeff Zucker, presidente mundial da marca. Também conheceram Ted Turner, fundador do canal. Desses encontros foi implantado o conceito rigoroso de checagem de informação batizado de tríade. Três setores fazem parte da tríade: “the row” (a linha), formado por editores-executivos; “the legal” (parte legal), constituído por advogados, que analisam as implicações jurídicas do material; e “standard and practices” (padrão e práticas), composto por diretores que analisam se o conteúdo da reportagem segue o manual de normas e práticas da CNN. Esse terceiro grupo tem que questionar e ajudar a responder a três questões: “Como fazemos isso?”, “Podemos fazer isso?” e “Devemos fazer isso?”. “A CNN Brasil não só importará o conceito, como criará uma inovação sobre ele: a tríade estará presente fisicamente no meio do nosso newsroom”, afirma Cipoloni. Após anos de tentativas frustradas, a tríade que consagrou o jornalismo da CNN como o principal canal de notícias do mundo estará finalmente disponível ao público brasileiro nos próximos meses.

Público ansioso

A contagem regressiva para a estreia já começou. As construções que avançam dia e noite na Avenida Paulista, no Rio de Janeiro e em Brasília são acompanhadas de perto por uma mulher de pulso firme e simpatia mineira. A CFO da CNN Brasil, Jercineide Castro, engenheira de formação e com ampla experiência em administração de empresas e gerenciamento de projetos, garante que as reformas terão nível de excelência em qualidade. “Estamos dentro do nosso cronograma. O projeto, em termos de infraestrutura, é bastante complexo, mas estamos seguindo conforme o planejado”, afirma ela. “A CNN Brasil quer fazer história no mercado de comunicação.”

Para o diretor de Engenharia e Operações, Rafael Duzzi, o plano técnico será executado com o desafio de unir eficiência e agilidade. “Vamos iniciar a implementação do nosso parque operacional simultaneamente ao período de finalização das obras de infraestrutura”, conta ele. Além de Duzzi, ex-diretor de uma multinacional inglesa considerada a maior plataforma de armazenamento e distribuição de conteúdo publicitário do mundo, a equipe de liderança da CNN foi montada com profissionais egressos do mercado de comunicação. São vice-presidentes e diretores contratados de empresas como BBC, Globo, Fox, Record, Turner, Band, UOL e Grup o RBS.

A estratégia de marketing também segue em ritmo acelerado e com foco nas mídias digitais. “Os primeiros nomes de apresentadores, como o de Evaristo Costa e William Waack, foram anunciados através das redes sociais da emissora. Uma estratégia pensada para mostrar nossa identidade”, assegura Virgilio Abranches. A ansiedade do público pela estreia do canal é tão grande que, com perfis criados em junho em quatro plataformas de mídias sociais – Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn – a nova emissora já contabiliza mais de meio milhão de seguidores. Uma expectativa proporcional ao tamanho da marca CNN.


Adalberto Leister Filho é jornalista há 22 anos, mestre em História Social pela USP, tendo trabalhado na Folha de S.Paulo, no R7 e no Globo, entre outros veículos.

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